Plano B.

- Preciso de um presente.
- Presente? Presente pra quem?
- Presente de Natal. Pra homem.
- Fácil. Dá um perfume.
- Preciso de um presente de Natal pra alguém que vive recusando presentes e que acredita piamente em superstições.
- ?
- Superstições que me impedem de dar um perfume.
- Ah. Uma camisa então. Daquelas tipo social.
- Não gosta.
- Putz.
- E eu ainda preciso de um presente.
- Mas você o conhece tão bem.
- Sim. Tenho várias coisas em mente.
- Então...
- Tenho também uma certa paranóia em dar presente e a pessoa não gostar.
- Você complica demais.
- Sim. Mas ainda preciso de um presente.


- Mas deixando esse presente de lado, e ano que vem?
- Ano que vem se eu passar eu me mudo.
- E se você não passar?
- Eu me fodo.
- Você não tem um plano B?
- Não. E nem consegui pensar em nenhum.
- Tem que ter.
- Mas é difícil e falta muitas coisas.
- Como o quê?
- Dinheiro principalmente.
- Dinheiro sempre falta.
- O problema não é ele faltar. É ele nem sequer existir, pra então poder faltar.
- Complicado. E agora não é você quem está complicando.
- Eu sei.


- Esse ano eu não li quase nada.
- Nem eu. Falta de tempo.
- Não li nem 15 livros bons e isso tá me deixando frustrada.
- Frustra mesmo. Bons tempos em que líamos vários por semana.
- Bons tempos em que líamos tanto que a gente até relia os melhores.
- É... Quem sabe ano que vem sobra mais tempo.
- Tem que sobrar.


- Preciso estudar.
- Uai, porque não vai?
- Já fui, mas me falta mais coragem pra continuar.
- Hahaha.
- O que?
- Isso sempre é um problema.


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Hoje é um dia decisivo pro meu plano B. Por isso, torçam por mim.

Torçam por mim também pra sexta-feira, porque preciso encontrar meu nome numa certa lista. Esse faz parte do plano A.

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Essa semana tá prometendo ser a mais tensa do ano.

Certeza.