domingo, junho 8

Ela.

os olhos se fecharam num espasmo de dor
e ela não sabia mais o que pensar
sua mente lhe mostrava imagens confusas
o passado e o presente se fundindo em um só momento
apertou os dentes
a primeira vez que lhe dissera eu te amo
segurou o lençol com mais força
a primeira vez que se entregou
sentiu o calor de sua mão sobre a sua
tão fria e pálida
as noites tranquilas na praia
ainda a pouco conseguiu proferir algumas palavras
mas agora já lhe velava o silêncio
os dias de sol nas montanhas
e os olhos permaneciam fechados
porque se os abrisse eles ficariam fixos e vidrados no teto
tamanha era sua dor
sorrisos e flores da manhã em que se casou
podia sentir o suor a escorrer-lhe pela fronte
e pensava com desespero se em sua fragilidade poderia um dia embalar a vida
perdidos eram os seus pensamentos
quando não mais podia sentir os próprios movimentos
mas ainda podia sentir a dor
e esta trazia de volta momentos que já haviam se passado
a tempos, a uma vida inteira
e eram flashes e luzes que se mesclavam
tardes de chuva
segundos de prazer
apesar do sofrimento que sentia agora
era lindo pensar que tudo o que haviam feito
haviam-nos conduzido àquele instante
e principalmente ela
experimentou soberano à dor
aquele amor que se fazia presente na pior das tempestades
não podia sorrir
mas seu espírito já se encontrava feliz