domingo, maio 31

Segundos Eternos - Parte 6

Tudo começou casualmente, e então se tornou algo sério, algo irrevogável.

De vez em quando ele pensava nisso. Quando eles estavam juntos ele pensava nisso sempre e depois que eles se separaram, não mais.

Agora ele se via com os mesmos pensamentos de antes.

Ela tinha voltado.


Do hospital ele foi internado em uma clínica de reabilitação. 30 dias e estaria livre.
Agora só faltavam 20. E ela vinha todos os dias, dirigindo o carro dele emprestado, porque o lugar era afastado da cidade.

Mas ela vinha e tinha sempre um sorriso, sempre aquela bondade.

Nos primeiros dias foi difícil, é claro. Ele nem sabia onde estava, ou quem ele era.
Depois ele voltou a reconhcê-la.
Ela não desistiu. Ela vinha e eles conversavam.


E quando ele ficava sozinho, ele pensava.
Ele revia cada cena. Se ele não a tivesse culpado pelo que aconteceu, nenhuma daquelas outras coisas terríveis teriam acontecido. Mas será que ele tinha culpa de ter pensado aquelas coisas?
Ele ficou ressentido, ele ficou com raiva.
Talvez a raiva fosse de Deus e ele simplesmente descontou nela.

E isso não estava certo. E ele resolveu que falaria tudo pra ela.


Era uma manhã de domingo e fazia sol.
Ela chegou e tomaram o café da manhã juntos.
Estavam sentados em um banco nos jardins, quando ele a fitou e reuniu toda a coragem de que dispunha.
Eu quero que você saiba de uma coisa. E o que é?. Naquela época eu... Por favor, esquece essas coisas. Não, eu quero que você saiba que eu te culpei quando você sofreu o aborto mesmo sabendo que foi por causa daquele seu desmaio.

Ele falou muito rápido e abaixou os olhos. Não queria olhar pra ela.
Mas não resistiu, e viu que ela fitava algum ponto do outro lado do jardim.

Eu sei e eu te culpei por muito tempo, mas agora eu acho que isso não é importante mais. Então você me perdoa?.

Ela olhou pra ele novamente com aquele sorriso que era a coisa que ele mais amava e aqueles olhos brilhantes.

Sim, somente se você esquecer isso. Eu esqueço, então.

E ele pensou que se lembraria daquele sorriso pra sempre.


Depois ela teve que ir embora, porque como sempre não era permitida a permanência muito prolongada de visitantes.
Mas ela voltaria no dia seguinte, como sempre, e naquela noite ele dormiu e, pela primeira vez em meses, não teve nenhum sonho, nenhum pesadelo.


No outro dia ela não apareceu. Ele perguntou na recepção se havia algum recado, e a moça disse que não.
Aquilo não era bom. Ele precisava dela, ela tinha que estar ali.

Durante a tarde ele foi ficando cada vez mais tenso, até que, depois de um sem número de idas à recepeção, e de receber a mesma resposta, seu estado era tão perturbado que a médica encarregada mandou que lhe dessem um sedativo.

E os pesadelos voltaram. Vozes e sombras e um tumulto no quarto, mas ele não conseguia se levantar. Efeito do sedativo. E alguém dizia que ele deveria continuar sedado ou todo o tratamento estaria perdido. E alguém disse que ele não poderia saber. O que ele não poderia saber? Ele queria abrir os olhos e gritar até que houvessem respostas. Mas era tudo um sonho e ele se sentia tão cansado e tão desesperado e lentamente as sombras foram se aproximando novamente até que ele não escutou mais nada.

Ele podia sentir a luz machucando seus olhos por sobre a pálpebra fechada.
Sem abrir os olhos ele se sentou e ficou ali, respirando até se sentir com forças suficientes para se levantar.
Abriu os olhos e foi para o corredor. Estava vazio. No relógio do criado-mudo ele viu que já era tarde e se lembrou de que ela já estaria esperando que ele se levantasse.
Ele saiu e foi até a recepção. Ao vê-lo, a moça assumiu um tom reservado. Quando ele perguntou por ela, a moça pegou o telefone e discou um número qualquer.

Uma enfermeira entrou por uma das portas e lançou um olhar ansioso à recepcionista.

Alguma coisa estava errada. Ele perguntou o que estava acontecendo e nenhuma delas respondeu. A médica encarregada apareceu por onde ele tinha entrado e o segurou pelo braço, chamando até a sua sala.

Ele gritou. Ele queria saber o que estava acontecendo.

A médica fechou a porta, mas eles não estava sozinhos. Dois enfermeiros estava lá, também. Ele estava cada vez mais tenso. A médica pediu que ele se sentasse. Ele continuou de pé e exigiu alguma explicação. Ele queria saber onde ela estava e porque ele não podia vê-la.

A médica começou a falar. E foi breve.


Depois disso ele não lembrava de muita coisa. Algo sobre um acidente, sobre um hospital. Ela estava no hospital. Coma. Sofreu um acidente grave e foi retirada levada às pressas assim que conseguiram retirá-la da ferragens. Coma. Ela precisava dele, de novo, e ele não ia deixá-la sozinha. Não dessa vez. Ele saiu pela porta e queria fugir dali. Precisava fugir.

Mas foi detido. Mãos o derrubaram ao chão e ele tentou se libertar. Mas sentiu a agulha em seu braço e segundos depois tudo era escuridão novamente.

sexta-feira, maio 29

Nunca se Sabe.

O marido perfeito existe:

Alguns homens estão em um salão de um clube de golfe, quando o telefone toca e um homem atende, com o viva-voz ligado e começa a falar.
Todos no recinto param para escutar a conversa.
Homem: Alô
Mulher: Querido, sou eu. Você está no clube?
Homem: Sim
Mulher: Estou numa loja e encontrei um lindo casaco de couro, custa apenas R$ 1.000,00, posso comprar?
Homem: Claro, se você gostou tanto dele assim, compre.
Mulher: Eu também dei uma paradinha numa concessionária da Mercedes e vi um modelo 2009, um deles eu adorei.
Homem: Quanto?
Mulher: R$ 290.000,00
Homem: Tudo bem, mas por este preço, negocie para vir completo.
Mulher: Fantástico! Ah, só mais uma coisinha… a casa que eu queria no ano passado, está a venda novamente. Estão pedindo R$ 950.000,00 por ela.
Homem: Bem, ofereça à eles R$ 900.000,00. Eles provavelmente aceitarão. Se não aceitarem, podemos pagar 50 mil a mais sem problemas. Ainda assim é um ótimo preço.
Mulher: Ok, te vejo à noite! Te amo.
Homem: Tchau, também te amo.
O homem desliga o telefone. Todos à sua volta olham para ele atônito.
Ele sorri e pergunta:
- Alguém tem idéia de quem é este telefone?

terça-feira, maio 26

Grey's funcking Anatomy

Eu não gosto de pessoas grudentas.

Eu gosto de ser grudenta com quem eu gosto, e gosto que sejam grudentos comigo aqueles que estão aqui perto.

Eu não gosto de pessoas desconhecidas grudentas, solícitas, felizes demais, alegres demais, oportunas demais.


Sim, sou esquisita.
Sim, estou bem assim.



Grey's Anatomy tá chegando no final da temporada muito, mas muito emocionante.
Eu só não queria que a Iz morresse =/



Lei Parcial de Murphy: se uma coisa está boa, ela tende a piorar. Válido com 99% de certeza para itens público/comerciais.

¬¬º

domingo, maio 24

Raízes.

Sapassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomando uma picumel e cuzinhando um kidicarne com mastumate pra fazê uma macarronada com galinhassada.

Quascaí de susto, quando ouvi um barui de dendoforno, pareceno um tidiguerra.

A receita mandopô midipipoca dentro da galinha prassá. O forno isquentô, u mistorô e o fiofó da galinha ispludiu!!

Nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um trem doidimais!!

Quascaí dendapia! Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô.

Óiprocevê quelucura!!!

Grazadeus ninguém simaxucô!


---
Sem tradução, haha!

sábado, maio 23

Segundos Eternos - Parte 5

Ela não sabia o que fazer.
Eram tantas coisas.

E o passado não importava mais.

Ele continuava tão triste, tão misterioso. Eu não queria ter ido embora porque você me faz muita falta. Mas você não disse nada e você não fez nada. Você simplesmente me olhou enquanto eu saía por aquela porta. Sem dizer adeus, eu não olhei para trás porque você iria ver minhas lágrimas.

Ele não dizia mais o nome dela.
Eram emoções sem fim.

Ela continuava tão linda, tão triste. Eu não conseguia olhar nos seus olhos porque a culpa de todo sofrimento que causei é minha. Não podia te pedir que ficasse mesmo querendo que você não fosse embora. Eu nunca vou me perdoar e sem isso não posso pedir o seu perdão, então deixei que você saísse.

Ela não queria chorar. Você nunca aprende nada? Você nunca se entrega, você quer fazer tudo sozinho. Eu estive do seu lado em todos aqueles momentos e a única coisa que eu queria era que você olhasse para mim, que você chorasse comigo, que você sofresse junto comigo e não me mandasse embora.

Ele queria poder se levantar e ficar mais perto dela. Eu não podia ver a dor nos seus olhos. Você não entende? Tudo o que eu sempre quis foi te fazer feliz, te fazer a mulher mais feliz desse mundo, e te ver sofrendo é como um peso dentro do meu peito.

Ela sabia que chorar seria agora inevitável. Eu nunca te culpei de nada, mas eu não conseguia te dizer essas palavras porque você se afastou, você quis que eu fosse embora e eu achei que tinha te perdido.

Ele se lembrava do toque suave das mãos dela no seu rosto. Eu não quero mais ficar longe de você. Eu nunca quis, mas só agora eu posso ver nos seus olhos o maior erro que cometi. Eu te amo. Não vá embora.


O passado não importava mais e ela também não conseguia mais ficar parada na porta somente olhando para ele, sem dizer uma palavra.

O quarto estava silencioso e ele não disse mais o nome dela, só ficou olhando aquele rosto banhado de lágrimas.

Ficaram assim sem saber ao certo por quanto tempo. Porque o tempo não existia mais. O mundo estava parado e era assim que devia ser.

Ele não sabia como mas ela estava nos seus braços. E chorava. E dizia coisas confusas que ele não conseguia entender, mas que sabia ser as mesmas que ele queria dizer.

O tempo não importava mais porque ela estava novamente em seus braços.

Mas dessa vez seria diferente.
Ele não a deixaria ir embora.

quarta-feira, maio 20

Lá vem, lá vem, lá vem de novo.

Hoje a semana começa a ficar difícil.
Hoje eu quero sexta-feira.

Mas será que tá certo?

Viva hoje, meu bem. Mesmo que seja difícil, que o dia dure 40 horas, que você volte sozinho pra casa e tenha que se encontrar com sua solidão.

Esteja somente aqui. Não antes, nem depois.


Take a break before the rest of the week:

terça-feira, maio 19

Você consegue?

- Ah, já tem um mês que eu vi minha namorada.
- Um mês? E você acha pouco? Eu vi meu namorado antes do Natal.
- Caracas! Ele mora onde?
- Longe. Longinho.
- E você é fiel?
- Sou.
- Ah, mentira!
- Ué, eu sou.
- Mentira. Não tem como ser fiel assim.
- Ué, tem. Já tem dois anos que a gente namora.
- E você é fiel? Mentira! Não tem como. Ninguém consegue!
- Uai, você trai a sua namorada?
- Até agora não, mas já passou um mês e se a gente não se ver pode ser que role uma ficada.
- Aff.


É que, sabe, esse negócio de fidelidade é uma coisa natural.

segunda-feira, maio 18

1 foto, algumas palavras.



Sessão nova: 1 foto, algumas palavras.

domingo, maio 17

Afins e Afins.

Isso é porque as pessoas crescem.

Mas hoje não quero falar de ninguém, não quero pensar em ninguém.
Quero ficar sozinha.

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Diz que todo dia a gente aprende uma coisa nova.
Ou a gente ganha uma confusão nova?
Ou a gente perde algo.

Vamos dizer que eu fui embora.


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Nada melhor pra espairecer e deixar de lado uma centena de pensamentos do que assistir ansiosamente aos episódios das séries que então ficando cada dia melhores.

Mas o Kutner foi chamado pelo Obama.
A Katherine se cansou da Izzie.

Os roteiristas têm de ser muito criativos pra manter o nível das coisas.






Ansiosamente esperando amanhã à noite. Heh.

sábado, maio 16

Segundos Eternos - Parte 4

Sonhos confusos e visões e luzes.
Ele não sabia onde estava. Não estava entendendo.

E também não se lembrava de nada.
Sentia uma dor insuportável, como se mil agulhas saíssem da sua cabeça.
A garganta estava seca, ele não sentia o corpo.
Haviam vozes, mas ele queria que elas parassem, estavam aumentando a dor.

Alguém o virou de lado e ele percebeu com dificuldade que vomitava.
Alguém gritou e ele soube que não iria aguentar mais.

As luzes se apagaram e o som ficou distante até desaparecer.
Era tudo escuridão.


Ela chegou praticamente junto com a ambulância. Estava dizendo que fora ela quem ligara pro hospital quando alguém que parecia ser um médico a puxou de lado.
Ela se virou e viu ele caído no chão, perto do telefone. O homem lhe dizia que ele seria levado imediatamente para o hospital e perguntou se ela queria ir junto.
Ela queria. Ela não podia mais ficar longe.

Ela chegou perto e as lágrimas lhe vieram aos olhos. Ele parecia morto, parecia muito mal.
De repente um dos enfermeiros o virou de lado e ele vomitou.

Ela gritou e o homem que a levara até ali fez com que ela se afastasse.
Ele disse que ela devia ir pra ambulância. Eles já o colocavam na maca e ficaria tudo bem.


Mas ela sabia que não ficaria tudo bem. Nada estava bem.
Alguém a colocou no carro e segundos depois eles partiam.

Parecia que estava rodando a horas, quando chegaram no hospital.
Ela seguiu os enfermeiros até a sala de internação, mas não a deixaram entrar.

Não a deixaram entrar e ela ficou do lado de fora. Ficou lá até que não teve mais forças.
Ela dormiu. E tudo era escuridão.



Ele abriu os olhos e a primeira coisa que fez foi tentar se levantar. Não sabia onde estava, não se lembrava de nada.
Mas alguém o deteve e com voz gentil disse que ele precisava ficar deitado porque ele ainda estava se recuperando.

Estava num hospital. O corpo doía. A cabeça doía.
Ele queria se lembrar mas era tão difícil. Parecia que algo terrível acontecera.
Sua boca estava seca e ele pediu água.
A enfermeira trouxe e disse que ia sair, mas que logo voltava. Disse que ele precisava descansar e que não se levantasse, que dormisse.

Ele fechou os olhos. Estava se sentindo derrotado.
Ele fechou os olhos e não pôde mais aguentar e chorou até que as lágrimas cessaram. Chorou sem saber porque, porque ele não se lembrava.

Ele fechou os olhos e dormiu e não teve sonhos nem pesadelos e quando acordou ela estava ali.

Estava parada ao lado da porta, pálida, triste e cansada.
Ele olhou em seus olhos e não sabia o que estava vendo. Quis dizer algo mas nada saía.
Ele pensou naquele momento várias vezes e nas coisas que diria, mas agora não conseguia dizer nada.

Então ele se lembrou. Flashes de luz passavam por sua mente enquanto ele via tudo com clareza.
Havia ligado pra ela e ela respondeu.

Era seu nome que ela ficara chamando enquanto ele sentia aquela vertigem estranha e tudo parecia desabar.


Ele ficou olhando nos olhos que conhecia tão bem e a única coisa que disse foi o nome dela.

sexta-feira, maio 15

Desliteralizando.

- Universitário tem cara, né?
- Cara de quê?
- De universitário.
- Sei. Universitário tem é cara de cansado, de pobre, de estressado...



É quando você se sente a pessoa mais solitária do mundo que todos os casais resolvem desfilar na sua frente.




"Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
O abraço de um vampiro é o sorriso de um amigo e mais nada
Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
A estrela que eu escolhi não cumpriu com o que eu pedi
e hoje não a encontrei
Pois caiu no mar, e se apagou
Se souber nadar, faça-me o favor
O milagre que esperei nunca me aconteceu
Quem sabe só você
Pra trazer o que já é meu

Brilha onde estiver
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé"
- OTM -



Eu me achei e agora não sei como me perder.

terça-feira, maio 12

É Tudo Novo. É Tudo Igual.

Você se compromete com as coisas.

Pra que?

Continua tudo a mesma coisa. Tudo igual.

Se não fossem aquelas palavras, ninguém saberia que você um dia quis fazer diferente.

Só as palavras, não é mesmo?

Nada concreto, nada até o fim.

Só as palavras. As malditas palavras.


Um dia você vai descobrir o significado delas, o significado da falta delas, e você vai ver que estava errado.

Que pelo menos uma vez você errou, e ao persistir no erro você deixou tudo igual.

Tudo na mesma.

Você um dia quis fazer diferente, mas quem dera se isso fosse real.

domingo, maio 10

Generalizações?

Hoje eu não passei nem um terço do dia com a minha mãe. E isso foi inédito. E chato, porque eu amo ela demais da conta.


Mas na minha depressão de ultimamente algumas coisas me fizeram pensar que certas generalizações que aparecem nos anúncios dessa época do ano são extremamente erradas, do tipo "... a todas as mães... feliz dia das mães a você, mãe..."

Quero dizer, existem centenas de milhares de mães no mundo.
Mas acredito eu que só uma parte delas merece o verdadeiro título de Mãe.

Porque, eu conheço mulheres que abandonam, maltratam, humilham e deixam os filhos a deus dará.
Então eu pergunto: essas merecem o nome de mãe?

Acho que não.


E deixo aqui minha admiração a todas as mães que fazem todo e qualquer tipo de sacrifício pelos filhos.

O que seria do mundo sem as mães?

sábado, maio 9

Segundos Eternos - Parte 3

Não, ela não queria mais sofrer e decidiu esquecer o passado.

Agora ela estava bem. Não tinha mais pesadelos. Não ficava perdida em recordações confusas.
Conseguia se sentir normal no meio das pessoas.
Não que ela quisesse ser o exemplo da normalidade, mas aquele sentimento era necessário para que ela tivesse sua paz de espírito.

O mundo andava bem e aquele tinha sido um dia como todos os outros.
Ela voltava pra casa devagar e sentia uma certa satisfação, aquele sentimento que já a acompanhava havia semanas.

Mas não era satisfação por ter recomeçado. Ela não conseguia perceber, no frenesi de fugir da dor, que só colocava as lembranças e os sentimentos em um lugar que ela pretendia esconder de si mesma e esquecer.
E ela estava longe de esquecer. Estava tão longe disso que não tinha mais pesadelos, sim, mas não tinha pesadelos por não conseguir mais dormir.
E todos os dias depois de viver anonimamente, ela voltava pra casa devagar, porque lá ela ficaria sozinha com seus pensamentos e fantasmas.

E naquele dia não seria diferente.

Mas ela tinha aprendido a ignorar tudo que não fizesse parte da sua nova vida. E desse modo conseguia adiar os momentos de tristeza e depressão usuais.

Ela resolveu terminar um dos trabalhos naquela noite. Sabia que era a melhor e sabia que se fizesse tudo certo teria oportunidade de sair daquela cidade.
Era um momento perfeito.
Ela sairia dali e tudo então ficaria ainda melhor.

A noite já ia alta na casa escura e ela havia adormecido sobre os papéis.
Sonhos confusos se alternavam em sua mente quando ela ouviu muito ao longe o som do telefone. Pensou que aquilo também fizesse parte do sono, mas de repente estava completamente desperta. E o telefone ainda tocava.

Ela atendeu e a única coisa que ouviu foi uma música ao longe e quando já ia desligando, ouviu seu nome do outro lado.

Ela disse alô novamente e a voz que escutou trouxe de volta todas as lembranças que ela queria esquecer.
Involuntariamente ela disse o nome dele.
Mas alguma coisa estava errada. Ele só chamava seu nome como se não percebesse que ela estava respondendo.

E ela sentiu de novo aquele sentimento que a assaltava quando eles ainda estava juntos e fazia com que ela soubesse que ele não estava bem.

Ele não estava bem e ela o chamou com urgência.

Tudo o que ouviu, porém, foi um barulho surdo do outro lado. E a música que continuava a tocar.

Nova.

Eu disse que a template era no dia do aniversário.. mas como já estamos no mês de aniversário, não aguentei.

*-*


Depois de fazer uma pesquisa de campo e constatar que 70% das pessoas se assustam com a bonequinha, eu decidi que é ela mesmo.


Ah, peço paciência pra quem usa o Internet Explorer, porque acho que a sidebar fica fora dos eixos por lá.
Vou tentar consertar mas... acho que não consigo. Heh.


Ainda faltam algumas coisas pra complementar, mas isso fica pra outra hora.

=]

quinta-feira, maio 7

Inverno.

Do vento que sopra, ressoa e se vai pra longe daqui.

Vem, volta. Não preste atenção.

A noite acabou. A festa parou.

Vem, me dê a mão.

Vamos sair pra ver o Sol.


quarta-feira, maio 6

Outono.

Quando eu descobri que as nuvens não eram de algodão.
Quando eu descobri que a Lua não era de comer.

Nesse dia me disseram também que as estrelas eu não podiam tocar.
Porque elas já haviam desaparecido e aquele brilho no céu eram apenas reflexos.


É claro que eu não acreditei.

Porque se eu acreditasse, seriam então meus sonhos também feitos de papel?


terça-feira, maio 5

Primavera.

As flores de plástico não morrem.


Mas também não perfumam, não crescem, não despertam sorrisos, não suspiram, e não se lembram daquele sorriso par o qual valeu toda a sua existência.


domingo, maio 3

Coisas que não nascem sozinhas.

De todas aquelas coisas que você perdeu e ganhou.
Será que você nunca aprende?

Será que é demais pedir por mais, por tudo, pelo que completa, pela outra parte que falta.

Acho que você nunca aprende. Acho que você não quer.
Você um dia quis?

Seus ganhos não foram maiores que as perdas. Não, ah, isso não.
Sempre perdemos mais, sofremos mais, choramos mais e pedimos que o diabo carregue mais vezes do que rezamos sejá lá pra quem for.

Mas você ganhou. Você possuiu. Era algo que não tinha, ou talvez tivesse mas dessa vez era diferente.
E você pensou que isso compensava as perdas. Você pensou. Mas logo estava de novo mergulhado no desespero.

É. Você devia ter pensado com mais certeza.
Porque essas coisas, ah, meu caro, essas coisas não sobrevivem sozinhas, não crescem sozinhas.

Você achou que já era o bastante.

Bem. Você devia ter pensado commuito, muito mais certeza.

sábado, maio 2

Segundos Eternos - Parte 2

Era uma manhã de domingo.
Ela fazia como sempre o mesmo caminho da Igreja de volta pra casa, sem pressa, observando as pessoas que andavam pelo parque, a luz do Sol que refletia no lago.

Naquele dia ela escolheu um lugar diferente onde pudesse ficar sozinha.
Estava sentada já a alguns minutos quando abriu os olhos e deu com ele sentado ao seu lado.

É claro, ela ainda não sabia quem ele era, mas mesmo assim sorriu de volta, respondendo o cumprimento. Ele quis conversar, enquanto ela queria ficar sozinha. Ele queria ficar, ela queria ir embora.

Ficaram os dois olhando o lago, quando ela se levantou desculpando-se rapidamente, e retomou o caminho de casa.

Ele ficou sentado. Ficou olhando o lago. Era estranho conversar com alguém desconhecido assim, sem saber exatamente o que falar. Mas agora não importava. Importava somente que havia ganhado a aposta. Naquela noite ele reproduziria o áudio entre seus amigos. Havia ganhado.


Era outro domingo e ele continuava igual ao anterior.
E lá estava ele, esperando que ela passasse.
Dessa vez não havia aposta. Dessa vez não havia microfones.
Sem saber porque ele não conseguia parar de pensar na garota do parque. A semana ia bem até que ele a viu novamente, sem querer. E daquele momento em diante ele só pensava na primeira vez que a viu.

Quando ela se recostou no banco e fechou os olhos, ele já estava a seu lado.

Dessa vez ela percebeu que havia alguém ao seu lado e abriu os olhos. Era ele.
Claro que ela se lembrava. Achou estranho que alguém viesse lhe falar subitamente, principalmente numa cidade onde as pessoas mal se cumprimentavam.

Ela sorriu e resolveu que dessa vez queria conversar.
Ele sorriu e resolveu que voltaria no domingo seguinte.


Todos os domingos eram iguais. No seguinte, e depois, e depois.
Mas agora haviam também os sábados, as sextas e todos os outros.

Ele descobriu que não queria se afastar. Descobriu que não era apenas uma aposta.
No dia do aniversário dela, ele a levou no cais antes do anoitecer e lhe deu uma única flor. Uma rosa. Tão vermelha que contrastava com a pele branca dela.

Quando ganhou a rosa, ele lhe disse algo que ela não ouviu.

Ela o beijou, sem pensar. Deixou que a rosa escorregasse de seus dedos enquanto ele a abraçava.

Os dois não pensavam em nada. Tinham medo daquele momento desaparecer.



A rosa caiu, e foi levada pelo mar.