sábado, maio 16

Segundos Eternos - Parte 4

Sonhos confusos e visões e luzes.
Ele não sabia onde estava. Não estava entendendo.

E também não se lembrava de nada.
Sentia uma dor insuportável, como se mil agulhas saíssem da sua cabeça.
A garganta estava seca, ele não sentia o corpo.
Haviam vozes, mas ele queria que elas parassem, estavam aumentando a dor.

Alguém o virou de lado e ele percebeu com dificuldade que vomitava.
Alguém gritou e ele soube que não iria aguentar mais.

As luzes se apagaram e o som ficou distante até desaparecer.
Era tudo escuridão.


Ela chegou praticamente junto com a ambulância. Estava dizendo que fora ela quem ligara pro hospital quando alguém que parecia ser um médico a puxou de lado.
Ela se virou e viu ele caído no chão, perto do telefone. O homem lhe dizia que ele seria levado imediatamente para o hospital e perguntou se ela queria ir junto.
Ela queria. Ela não podia mais ficar longe.

Ela chegou perto e as lágrimas lhe vieram aos olhos. Ele parecia morto, parecia muito mal.
De repente um dos enfermeiros o virou de lado e ele vomitou.

Ela gritou e o homem que a levara até ali fez com que ela se afastasse.
Ele disse que ela devia ir pra ambulância. Eles já o colocavam na maca e ficaria tudo bem.


Mas ela sabia que não ficaria tudo bem. Nada estava bem.
Alguém a colocou no carro e segundos depois eles partiam.

Parecia que estava rodando a horas, quando chegaram no hospital.
Ela seguiu os enfermeiros até a sala de internação, mas não a deixaram entrar.

Não a deixaram entrar e ela ficou do lado de fora. Ficou lá até que não teve mais forças.
Ela dormiu. E tudo era escuridão.



Ele abriu os olhos e a primeira coisa que fez foi tentar se levantar. Não sabia onde estava, não se lembrava de nada.
Mas alguém o deteve e com voz gentil disse que ele precisava ficar deitado porque ele ainda estava se recuperando.

Estava num hospital. O corpo doía. A cabeça doía.
Ele queria se lembrar mas era tão difícil. Parecia que algo terrível acontecera.
Sua boca estava seca e ele pediu água.
A enfermeira trouxe e disse que ia sair, mas que logo voltava. Disse que ele precisava descansar e que não se levantasse, que dormisse.

Ele fechou os olhos. Estava se sentindo derrotado.
Ele fechou os olhos e não pôde mais aguentar e chorou até que as lágrimas cessaram. Chorou sem saber porque, porque ele não se lembrava.

Ele fechou os olhos e dormiu e não teve sonhos nem pesadelos e quando acordou ela estava ali.

Estava parada ao lado da porta, pálida, triste e cansada.
Ele olhou em seus olhos e não sabia o que estava vendo. Quis dizer algo mas nada saía.
Ele pensou naquele momento várias vezes e nas coisas que diria, mas agora não conseguia dizer nada.

Então ele se lembrou. Flashes de luz passavam por sua mente enquanto ele via tudo com clareza.
Havia ligado pra ela e ela respondeu.

Era seu nome que ela ficara chamando enquanto ele sentia aquela vertigem estranha e tudo parecia desabar.


Ele ficou olhando nos olhos que conhecia tão bem e a única coisa que disse foi o nome dela.